O Cachão da Valeira era uma cascata numa garganta rochosa do rio Douro com uma corrente de água que caia de uma altura razoável, situada a montante da foz do rio Tua e a cerca de 6 Km deste.
Neste local de lendas e perigos, surgiram as primeiras tentativas de desobstrução da navegabilidade total do rio em 1530.
Mas só no século XVIII, nos reinados de D. Pedro II e D. João V é que foram efetuados diversos estudos para a realização da obra. E em 1779, a Companhia Geral da Agricultura e Vinhas do Alto Douro, tem autorização por parte de D. Maria I para cobrar impostos sobre o vinho, aguardente e vinagre que eram transportados pelo rio Douro, com o objetivo de os aplicar em obras que o tornassem navegável.
Ao padre António Manuel Camelo, de S. João da Pesqueira, foi-lhe encarregue a destruição dos rochedos e posterior alargamento do leito do rio, auxiliado por José Maria Yola, um engenheiro hidráulico da Sardenha. Iniciando-se assim a obra de demolição do Cachão em 1780, com muitas centenas de explosões dadas abaixo da linha de água e alargando assim o leito do rio.
Os primeiros barcos começaram a subir e a descer o rio, em 1789 e em 1792 a obra foi dada como concluída. Antes, as embarcações subiam o rio desde a Foz do Douro, em Vila Nova de Gaia, apenas até esse Cachão que as impedia de navegar além deste para montante.
Em 1976, é construída a barragem da Valeira. Nesta barragem, está incluída uma eclusa com 33m de desnível que permite a passagem de cruzeiros e outras embarcações.
Uma inscrição no Cachão da Valeira, que data do século XVIII, encontra-se no lugar do Ermo, na margem esquerda do rio Douro, a cerca de 1 Km a montante da barragem da Valeira, onde só é possível aceder de barco. É uma inscrição epigráfica incrustada na face voltada para Norte de um rochedo com letras latinas, capitulares, embutidas de bronze dourado e encimada pela incrustação de uma coroa fechada. Nela está mencionado, entre outras coisas, o feito glorioso que permitiu o desenvolvimento de toda a região.